quarta-feira, 14 de julho de 2010

CAI QUALIDADE DA MERENDA OFERECIDA EM SÃO BERNARDO DO CAMPO


quarta-feira, 16 de junho de 2010 7:16
Tatiane ConceiçãoDo Diário do Grande ABC
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Representantes de professores e estudantes têm recebido denúncias sobre queda na qualidade da merenda servida nas escolas estaduais de São Bernardo.
O assunto foi um dos temas de debate entre o sindicato e representantes da Diretoria de
Ensino da cidade, realizado no dia 8. A Secretaria Estadual confirmou a realização da reunião, mas informou que não reconhece as reivindicações nem irá comentar o conteúdo do encontro.
Segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), é exagerada a quantidade de comida enlatada na refeição.
"O sabor em algumas escolas, por conta do manuseio, é horrível. Há muitos conservantes, e estamos preocupados de que isso possa causar algum problema de
saúde nos alunos", afirmou Aldo Santos, integrante da executiva da subsede de São Bernardo da Apeoesp.
Na EE Prof.ª Maria Osório Teixeira, uma professora denunciou ao sindicato ter sofrido reação alérgica por causa da merenda; a EE Celio Luiz Negrini registrou outra queixa relativa ao armazenamento dos alimentos.
O presidente da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas), Felipe Borges Debossan Moreira, também relatou ter recebido "dezenas" de reclamações de estudantes. "Um deles disse: ‘Se jogar a almôndega no teto ela gruda''", exemplificou.
Segundo Moreira, os alunos não gostam do cheiro dos alimentos em conserva e da apresentação dos produtos como, por exemplo, o feijão enlatado. A Umes está levantando dados para apresentar pauta de reivindicações junto à Diretoria de Ensino da cidade.
As duas entidades concordam que os problemas começaram há cerca de um mês e meio, depois que a Prefeitura de São Bernardo mudou o gerenciamento da merenda das escolas, deixando a cargo do governo estadual o envio de recursos de forma descentralizada.
O Diário noticiou em abril que a Justiça de São Bernardo recebeu uma ação popular que denuncia supostas irregularidades no contrato de fornecimento de merenda assinado pela administração municipal.
A Prefeitura não retornou as ligações do Diário até o fechamento desta edição.NUTRIÇÃO A nutricionista Alessandra Paula Nunes, do Centro Universitário São Camilo, afirmou que o uso de produtos industrializados deve ser evitado na merenda infantil, por causa do alto índice de conservantes e da quantidade de sódio presentes nestes produtos.
"O uso de enlatados na merenda vai totalmente contra o que o Ministério da Saúde entende como boa qualidade alimentar das crianças", afirma.
O governo federal editou cartilha chamada 12 passos para uma alimentação saudável em crianças e adolescentes. O documento ensina: deve ser consumida alimentação pobre em sal, incluindo o sódio proveniente do pão e de alimentos processados.
A nutricionista lembra que o sal presente em um produto com conservante não é o mesmo contido no tempero caseiro de um arroz, por exemplo. Isso porque o alimento enlatado possui alto índice de sódio em sua composição, pois ele é um conservante do produto.
A especialista alerta ainda que vegetais não "compensam" o uso de produtos processados. "Não interessa que eu esteja consumindo mais frutas e verduras, isso não ameniza o problema da alta ingestão de produto industrializado."
Problemas nas escolas vão de violência a falta de infra-estruturaA Apeoesp apresentou para a secretaria de Estado da Educação uma pauta listando, além da merenda, outros problemas detectados nas unidades de ensino de São Bernardo. Para a entidade, as irregularidades da EE Ayrton Senna da Silva, no bairro Terra Nova - que está sendo acompanhado pelo Ministério Público após reportagem do Diário -, são apenas o exemplo mais completo das dificuldades da rede no município.
A EE Professora Pedra de Carvalho, no Jardim Vera Cruz, evidencia um caso em que a estrutura pode influenciar no aprendizado. "A maioria das salas estão sem vidros nas janelas. Quando faz frio, não há como o professor trabalhar ou os alunos assentirem aulas", afirmou Aldo Santos, da Apeoesp.
O sindicato informou que a Pasta se comprometeu a investir cerca de R$ 200 mil em obras para recuperar a unidade. Não há prazo para o início das intervenções. Para começar, a reforma depende da realização de vistoria técnica no prédio.
A violência física e moral também está presente no cotidiano das instituições de São Bernardo. Para a Apeoesp, parte do problema é causado pelo descontrole administrativo das escolas, devido à falta de funcionários.
"A imagem do professor está em processo de desconstrução. Esse é um quadro grave e são inúmeras as unidades de ensino que apresentam problemas", destacou o representante do sindicato. (André Vieira)

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